Capítulo 3
- Que afronta! - Disse em tom de preocupação e culpa. Quando
olhei para a cara do outro ele estava com uma face de quem não acreditava no
que ouvia.
- E você falsificou o seu! - Me assustei com a
intensidade e rumo daquelas palavras. No fundo eu sabia que aquilo era verdade,
mas como? Como podia ter tamanha certeza? Nessa hora, Felipe apareceu.
-Está, tudo bem por aqui? - Olhou para o policial e
depois para mim.
A rua começou
a encher de pessoas e o incômodo dos tais policiais foi bem claro com relação a
isso. O policial que tinha saído do carro veio me soltar e disse:
- Melhor irmos, foi um engano. - Eles entraram e foram
embora.
-Você está bem?
-Estou... Cadê a Lorena?
-Está vindo ali...
Encontramos
com ela e fomos no Parque, brincamos e zuamos até a hora que o Felipe começou a
encher para irmos embora. Depois de muita insistência dos dois, fomos nós três
para a casa deles, umas duas horas mais tarde, depois de pedir pizza e jogar
videogame, sentamos na sala e ficamos um encarando o outro.
- Eai?
-Que?
- Ijo
- E ketchup
- Ham?
- Burguer
- Fome?
-MUITA
-Mas você acabou de comer
- Foda-se
- Caraio borracha
- Hey...
- Hol...
-O que?
- O que o que?
- Que?
- Comida ué
- PARA, SUAS DEMENTE!
-Para com o que? Loko! - Eu e looh falamos juntas
- Sei lá....
- Que porra foi essa?
- Parece que não sei
- Que porra foi essa na moral?
- O que?
- Ue
- Essa conversa escrota, coisa de gente louca.
- Sei lá. - Falamos juntas novamente
- Eai, que aconteceu que uma viatura de polícia te
parou? Eu vi em Samantha, que coisa feia- Disse em tom de zuação.
Expliquei o
que tinha acontecido, mas a conclusão era que ninguém tinha entendido bem o porquê
daquilo tudo.
- Acho que você devia tomar cuidado, isso foi muito
estranho
- Sério? Nem percebi. - Disse em tom de deboche.
Zuamos um
pouco e depois fomos dormir.
(...)
Enquanto isso...
- Onde você está? Não vou te fazer mal, eu prometo! -
Sua voz era cautelosa e debochada.
Estava
escondida atrás de uma mesa do laboratório de ciências da escola, meu medo era
perturbador, eu sabia que ele estava blefando, pois segurava uma barra de
ferro, e fazia questão de fazer barulho com ela enquanto passava pelas mesas me
procurando, sabia que precisava sair dali.
- Está tarde, se você demorar mais vai ter que ir
sozinha para casa, pois seus amigos já estão indo embora e sabemos que está
perigoso para moças da sua idade saírem sozinhas a noite.
A luz que
vinha da porta que estava entre aberta fazia reflexo nos armários, fiquei
olhando aquele resquício de luz e pensando no que poderia acontecer depois, se
sairia bem ou viva dali, e tentava entender o porquê daquilo tudo, o porque o
Ross estava agindo assim. A mesa em que eu estava escondida foi arremessada
longe, era Ross, e para minha surpresa, os dois policiais que tentaram me
prender, junto com ele, os três se entre olharam, Ross levantou a barra de
ferro e estava prestes a dar o primeiro golpe... Acordei pulando da cama
- Que...merda...foi essa? - Enquanto olhava para a
cama como se fosse achar uma resposta nela.
-Ham? O que?
Sai do
quarto e fui para o banheiro lavar o rosto. Felipe levantou, olhou para a Looh
e disse:
- Que aconteceu?
- Sei lá, ela pulou da cama do nada, me deu o maior
susto aqui...
Voltei para
o quarto e disse:
- Desculpa gente, eu tive um sonho entrando...-Contei
do sonho para eles.
- Uau, parece coisa de filme, que foda!
- Você anda muito estranha ultimamente, sonhos
estranhos, situações estranhas, uma maré de azar
- Macumba!?
- Acho que não! Digamos que, o azar na escola é culpa
do Ross, a situação de ontem, uma coincidência estranha e o sonho, só o meu
subconsciente agindo em prol dessas duas situações.
- Louvável!
- Continuo achando que é macumba, mas foda-se, tem
comida?
- A casa é sua doida, você que tem que saber!
- Felipe?
- Olha, para mim tinha, tanto que já comi, mas para
vocês duas eu já não sei!
Então
descemos os três, depois de eu a e Looh comermos eu fui para casa. Naquele
mesmo dia, fim da tarde, fui ao mercado, quando estava entrando alguém esbarrou
em mim com tanta brutalidade que fomos eu e a pessoa para o chão. Quando pude
prestar atenção na pessoa, me impressionei, era uma mulher loira, alta, magra e
muita bonita, parecia ter uns 22 anos.
- Desculpe, eu estou com um pouco de pressa, desculpa
mesmo!
- Tudo bem! Prazer, meu nome é Samantha!
- Rydel, pena eu não poder conversar, nos vemos por aí
E foi,
então nesse momento eu olhei para o chão e percebi uma bolsa jogada ali, pensei
ser dela, virei para trás para chama-la, mas ela já havia ido, guardei a bolsa
comigo, ia tentar devolver depois. Sentei e enquanto esperava o pão assar,
passou uma notícia no jornal o repórter dizia: “Ontem à noite, a estudante
Laura Marano desapareceu, disse a mãe que ia visitar o namorado, a mãe disse
para que a filha não fosse, mas a jovem não deu ouvidos, uma testemunha disse
que viu a garota meia hora depois passando por uma rua, quando um vã parou na
frente da jovem, a moça começou a gritar por socorro, mas os gritos foram
silenciados rapidamente e quando a vã saiu do lugar, a moça já não estava mais
lá, como a rua estava escura, a testemunha não pode ver a placa da vã, e as
câmeras de segurança dessa mesma rua haviam sido quebradas duas horas antes por
marginais, por isso, além da testemunha, não há mais provas do possível
sequestro.” Liguei imediatamente para a Lorena e contei o que tinha acontecido.