segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Capítulo 2 "Stolen Heart"

 Já era o outro dia, o da viagem de seus pais, que iriam sair bem cedo. A princesa sabendo disso, acordou mais cedo ainda e preparou uma surpresa para eles, ela, com a ajuda dos cozinheiros, preparou um café da manhã especial. O rei e a rainha, assim que viram logo ficaram bastante felizes com o gesto da filha. Todos sentaram e mesa e comeram, e assim que acabaram, se prepararam para a partida.
   Com tudo já pronto, foram para fora de castelo e se despediram.
 - Boa viagem para vocês, vou sentir saudade! - falou a princesa quase chorando
 - Ora, filha, não chore! Também vamos, e olha só, esses dias vão passar mais rápidos do que você pensa. - falou o rei a abraçando.
 - Seu pai tem razão, logo estaremos de volta. - Sua mãe dessa vez
 - Assim espero! - mentiu.
  Então, o rei e a rainha logo se foram. Lorena, ficou feliz com isso, agora poderia sair sem se preocupar.
  Ela entrou e foi direto para seu quarto. Ficou por lá conversando com Maria até chegar à tarde, onde ia colocar sua ideia em prática. Comunicou com a mulher o que iria fazer, mas ela não gostou muito.
 - Senhorita, não pode sair, sabe disso!
 - E quem vai me impedir? O rei e a rainha não estão no castelo, posso fazer qualquer coisa!
 - Mas e se der problema depois? E se, se meter em alguma confusão? - falou Maria preocupada.
 - Não se preocupe, Maria! Vai dar tudo certo. Confie em mim. - falou determinada.
 - Tudo bem, mas e os guardas?
 - Você pode distrai-los para mim.
 - Eu? Não, não senhorita!
 - Ah, por favor, Maria! Por favor, faz isso por mim! - implorou Lorena quase chorando.
 - Ah, ok! Tudo bem. Com tanto que não sobre para mim depois... - Lorena não podia se conter de felicidade.
 - Obrigada, obrigada, obrigada! - agradeceu à abraçando - e não se preocupe, nada vai acontecer!
 - Bom, seja o que Deus quiser! Vamos, lá! - falou saindo.
 - Espere, deixe só eu por isso. - falou colocando uma capa com capuz - vai que tenha algum guarda por aí, não vamos correr esse risco! - falou sorrindo fazendo Maria rir.
  Então assim foi, as duas saíram do quarto e foram para a entrada principal. Conforme o plano, Maria distraiu os guardas e Lorena logo conseguiu sair. Caminhou até um dos portões, olhou bem para o lado de fora e andou até a aldeia.
  Chegando lá, se admirou com o que viu, pessoas humildes trabalhando para todo o lado. Continuou seu caminho, observando tudo, até chegar em um campo onde havia algumas pessoas e vários cavalos. Foi para perto de um e começou a acaricia-lo, mas de repente, de relance, viu um dos guardas do castelo conversando com um homem. Não pensou duas vezes e saiu dali o mais rápido possível, chegando assim, a outra aldeia. E mais uma vez, caminhou observando tudo, estava tão distraída que nem viu o que vinha pela frente, quando se deu conta, já estava no chão.
 - Aí! - exclamou.
 - Me desculpe... - disse um rapaz.
 - Por que não olha por onde anda? - falou brava.
 - Me desculpe de novo, eu não vi você. - falou dessa vez ajudando Lorena a se levantar.
 - Tudo bem, acho que você não fez por... - assim que olhou melhor para a pessoa que havia a derrubado, seu coração bateu um pouco mais acelerado que o normal. Ele era um rapaz alto, loiro de olhos castanhos esverdeados, e pelas suas vestes parecia um morador humilde do local. O rapaz, por sua vez, ficou a observando com um brilho no olhar, seu coração também bateu mais acelerado que o normal. Lorena, perdida em seus olhos, logo acordou do transe com alguém gritando:
 - Ei, seu ladrãozinho, volte aqui imediatamente! - era um senhor gordo e com um bigode de chamar a atenção, estava vindo em direção aos dois.
 - Essa não! Tenho que ir! - falou correndo.
 - Espere, qual seu nome? - já era tarde, o rapaz já estava longe. Lorena ficou ali com um sorriso bobo no rosto, observando aquele homem gordo correr atrás do rapaz loiro.
  Depois de um tempo refletindo sobre o que houve, pôs-se a caminhar de novo. Andou até o campo mais uma vez, mas para sua sorte, o guarda já não estava mais lá. Ela ficou acariciando os cavalos, deu comida a eles, atreveu-se até a andar em um. E correu tudo bem. Algumas horas depois, ela estava a caminho do castelo, estava passando por uma floresta, quando de repente apareceram três homens a sua frente. Ela logo notou que coisa boa não iria acontecer.
 - Ora, ora... o que temos aqui... - disse um deles.
 - Uma jovem andando por aí sozinha feito você... é perigoso, sabia? - disse com um sorriso amedrontador no rosto.
 - Não se aproximem de mim! - exclamou com medo - se não...
 - Se não o que? Está sozinha, menininha - disse se aproximando e rindo.
 - Vocês por acaso têm ideia de quem sou?
 - Hum... não! - riram - E quem seria você?
 - Sou a filha do rei!
 - Espere... você é uma princesa? - perguntou um deles.
 - Exatamente!
 - Ora, por que não disse antes? - disse o outro - Sabe o quanto você é valiosa?
 - O quanto nos dariam por você? - disse o terceiro - Vamos ficar ricos!
 - Espere, o que? - eles estavam chegando cada vez mais perto - Não, por favor, não façam nada comigo! Por favor, não se aproximem! - disse a princesa agora apavorada.
 - Não se preocupe, se você se comportar nada irá lhe acontecer... - falou com aquele sorriso amedrontador de novo
 - Não, por favor! - gritou
 - Ei! - alguém diz - Vocês não têm vergonha de assustar essa pobre jovem? - quando Lorena olhou para ver quem estava prestes a ajuda-la, teve uma alegre surpresa, era o mesmo rapaz com quem havia trombado antes.
 - Ora, vejam só rapazes, se não é o ladrão da aldeia! - riram.
 - Posso ser ladrão, mas pelos menos não machuco as pessoas! E nem assusto elas com essas caras de burros famintos! - riu.
 - O que você disse? - falou um dos caras já irritado. Os três então, puseram a atacar o rapaz, mas ele era mais rápido e esperto, sendo assim, golpeou os três na cabeça, fazendo com que eles caíssem desmaiados.
 - Você me salvou! Obrigada. - falou Lorena fazendo reverência.
 - Não tem porquê agradecer! - sorriu - só fiz o que qualquer um faria, alias... não podia deixá-los machucar uma moça tão bela quanto você.
 - Obrigada, de novo. - falou dessa vez meio envergonhada - afinal, posso saber o nome do meu herói? - riu.
 - Ah, me desculpe, onde estão meus modos? Me chamo Ross. - falou tirando sua boina e fazendo reverência.
 - Ross... que belo nome. - Sorriu. - Me chamo Lorena.
 - Lorena...? Espera! - disse confuso - Lorena, filha do rei Edgar II?
 - Sim! - sorriu.
 - Oh, essa não... o que faz fora do castelo, princesa? - perguntou espantado.
 - Bom, como eu estava cansada de ficar lá presa, aproveitei que meus pais foram viajar e vim conhecer o mundo aqui fora.
 - Nossa... você não deveria ter feito isso, se eles descobrem...
 - Por que todo mundo tem medo do que pode acontecer se meus pais descobrirem que estou aqui fora? Não vai acontecer nada! Não se preocupe!
 - Bom, sendo assim... bem-vinda ao lado de fora! - riram - o que está achando até agora?
 - Bem agitado! Mas eu gostei até porque... se eu não tivesse saído, não teria esbarrado em você. - disse meio vermelha.
 - Não sei se isso é bom ou ruim... - falou o rapaz fazendo os dois rirem.
 - Bom... com certeza bom... - sorriu. Ele retribuiu o sorriso.
  Os dois ficaram ali sem dizerem uma palavra, apenas se olhando por alguns instantes até que o rapaz resolve quebrar o silêncio dizendo:
 - Me desculpe de novo por lhe ter feito cair. Eu estava meio que com pressa e...
 - O que aquele homem disse, é verdade? - perguntou o cortando.
 - O que?
 - De ter lhe chamado de ladrão. - falou séria.
 - Ah, bom... sim, mas eu posso explicar! - disse o rapaz nervoso.
 - Bom, estou a ouvir. - falou a princesa se sentando na grama, encostando-se a uma árvore.
 - Sério? - perguntou surpreso - Bom... - se sentou também - eu venho de uma família numerosa muito pobre, não temos dinheiro para quase nada, nem mesmo para comer. Então, uma certa vez não aguentando mais, resolvi "pegar" alguns pães para mim e minha família. Desde esse dia, mesmo meus pais não gostando da atitude, roubo comida. Ou isso, ou morremos de fome. - falou triste de cabeça baixa.
 - Nossa, que triste... bom, para mim isso não é errado, afinal, está roubando pois passa necessidades, você e seus familiares. Eu não o condenaria!
 - Sério? Obrigado, eu acho... - falou meio tímido.
 - Oh... está quase anoitecendo! - falou olhando para o céu - Preciso voltar ao castelo!
 - Pois é, por que se seus pais...
 - Por favor, chega de falar deles! - disse mais uma vez o cortando - E outra, não estou preocupada com eles e sim com Maria.
 - Quem é Maria?
 - A arrumadeira. Digamos que ela seja a pessoa que mais cuidou de mim e que mais sabe tudo sobre mim também! - falou se levantando.
 - Ah... - se levantou também - Bom, eu vou lhe acompanhar!
 - Ah, não precisa.
 - Sim, precisa sim! Não quero que nada aconteça a essa bela princesa que é você! - falou o jovem rapaz sem perceber.
 - Tudo bem, então... - disse envergonhada e sorrindo.
  Então os dois se puseram a andar. Pelo caminho todo, tanto Lorena quanto Ross trocavam olhares constantemente. Sempre sorrindo um para o outro.
  "Ai, ai... ele é tão lindo e corajoso... seu sorriso é tão perfeito... seus olhos são tão hipnotizantes... acho que estou apaixonada..., mas, será que realmente encontrei o amor da minha vida?", pensou a princesa.
"Ela é tão linda e doce, a inocência em pessoa... seu sorriso faz com que meu coração bata mais forte... seus olhos, os quais fiquei perdido... acho que estou apaixonado... será que finalmente achei o amor de que tanto minha mãe falava?", pensou o rapaz.
  Mal sabiam eles que sim, já estavam apaixonados um pelo outro. Seus corações batiam em uma bela sincronia. Mas, se esse amor for real, será que vai sobreviver? Lorena vem de uma família da realeza, cheia de riquezas e glórias. Já Ross, vem de uma família muito pobre e humilde. O que o rei irá pensar ao descobrir que sua única filha se apaixonou por um simples plebeu que não tem onde cair morto?
  Continuando o caminho, ainda sim se entreolhando, o jovem casal chega ao castelo. Lorena se despede do rapaz com um beijo em sua bochecha, e quando já estava prestes a entrar, o mesmo a chama:
 - Espere, princesa!
 - Sim? - falou se virando para trás.
 - Me diga, preciso saber, alguma vez a verei de novo? - Lorena sorri e diz
 - Claro que sim, meu herói.
 - Vou esperar ansioso por esse dia. - falou sorrindo.
 - Eu também. Agora preciso ir. Tchau! - falou entrando.

 - Até logo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário